O estado do Amazonas, o maior em extensão territorial, é hoje um "maior" em busca da própria identidade. Em face da divulgação na mídia do termo AMAZÔNIA - que é uma grande extensão territorial que ultrapassa as fronteiras do Brasil - os estados a ela pertencentes vem perdendo a cada dia a própria identidade, e nesse aspecto o nosso AMAZONAS por ter um nome parecido, tem sido o mais penalizado nesse processo de homogeneização geográfica e perda da identidade cultural.
Esse fato mexe com os brios dos amazonenses mais críticos. Nosso sentimento nativista grita que não somos apenas o exótico povo da Amazônia, ou ainda, como também divulga a mídia POVOS DA FLORESTA, como se vivêssemos todos dentro da mata fechada. Os amazonenses são um povo ribeirinho, pois suas cidades e vilarejos surgiram as margens de seus grandes rios e lagos; essas cidades estão rodeadas pela imensidão da floresta amazônica, enchendo de beleza mas também de dificuldade a vida dos nativos.
O estado é tão grande em extensão territorial que dentro de seu espaço físico convivem inúmeras culturas, pois temos forte influência indígena, que foi mesclada a europeia dos missionários que para ca vieram fundar escolas e ordens religiosas. No Juruá, aonde vivo, percebe-se a forte influência nordestina trazida pelos irmãos do Nordeste que para cá migraram quando a borracha era o ápice da economia amazonense. O povo que vive as margens do Solimões por exemplo, tem pontos culturais comuns com os que habitam as margens do Juruá. mas tem também aspectos que são singulares daquela região. Dessa forma é muito perigoso se arvorar em ser um grande conhecedor da AMAZÔNIA (nem os amazônidas o são), assim como é no mínimo desrespeitoso não reconhecer que na Amazônia de dimensões continentais existem povos diferentes, de cultura singular e identidade própria. Amazônicos somos uma vez que vivemos na Amazônia, mas de naturalidade AMAZONENSE. Um povo que convive com inúmeras dificuldades causadas por diversos fatores, entre os quais a grande extensão e o relevo, causas para as quais o povo heroicamente vai encontrando saídas. O amazonense tem uma cultura singular dentro da pluralidade amazônica. Essa cultura é a nossa identidade, reflete a nossa própria história, que não é igual a dos demais estados que forma a Amazônia Brasileira.
Nós já não somos apenas o estado dos índios e da seringueira, mas também o valente povo que vive na Pátria das Águas, que como todo povo brasileiro tem criatividade, sabendo expressar-se através da música, da pintura, literatura, arte popular de um modo geral. Somos um povo pensante, politizado (mais ou menos), que carrega todas as mazelas de uma colonização escravocrata que por séculos oprimiu a classe dominada, o que acabou por deixar no caboclo amazonense uma alma subserviente, que precisa ser extinta definitivamente, uma vez que nenhum homem pode ser SENHOR de outro e que todos nós do Amazonas, da Amazônia, do Nordeste, do Sudeste ou Sul fazemos parte da mesma nação soberana chamada BRASIL.




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ResponderExcluirBelíssimo texto. Concordo com suas palavras. Vou apenas fazer um breve depoimento. Eu, mineira, das bandas do sudeste, antes de ter tido o privilégio de conhecer o Amazonas, (1993/1994) era uma perfeita ignorante sobre a região, sobre o povo e sua riqueza cultural. Por mais que os meios de comunicação tentem mostrar a região (trabalho este bastante deficiente por parte da mídia, diga-se de passagem), ninguém que não tenha ido ver in loco, consegue ter a dimensão exata de como é a região. Digo uma coisa. Fui lecionar. Primeiro na cidade de Alvarães, depois Carauari. Sabia muito pouco sobre o que ia falar para os alunos, mas de uma coisa eu sei: voltei com uma riqueza absurda, imensa, apaixonante sobre a história, sobre as pessoas, sobre esta paisagem impar, sobre o calor humano, sobre a geografia local, sobre os igarapés, igapós, sobre esta imensidão de rios que sempre me deixou louca quando estudante do ginasial (sou das antigas), enfim, por tudo isto, sinto-me privilegiada por ter conhecida esta terra, que tão bem me recebeu, que me abraçou e que deixou marcas profundas na minha memória e coração. D. Inês, a senhora e todos àqueles com quem tive o prazer de conviver foram e são parte da minha vida. Obrigada por tudo, Amazonas. Só sinto não ter viajado no recreio, que segundo a Mana, agora é barco de ferro. rs...
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