Bonitas ou feias, brancas, negras, pardas, altas ou baixas, gordas ou magras, afilhadas ou velhas comadres, o homem boto, fazia cada uma se sentir especial.
Isentas, só a avó, filhas e irmãs, pois não era incestuoso.
Além da prole numerosa com a bela esposa, deve ter deixado muitos descendentes às margens do Juruá,ou dentro de seus igapós e lagos; sim, porque para aquele ser quase mitológico, não havia obstáculo que não fosse vencido, para conseguir o objeto de seu desejo.Os frutos, que ficavam pelo caminho, eram criados pelos compadres, que acertavam contas no caderno de dívidas do seringal, aonde novamente o "generoso"patrão os traía.
Os segredos da conquista morreram com ele o homem boto, que amou intensamente a vida e as mulheres, não divulgava seus truques de sedução; trazia no semblante um ar de triunfo cínico e encantador e deixava nas mulheres, uma alegria natural de satisfação.Iam todas para o porto, e cada uma em sua tábua de lavar roupa, partilhavam a alegria de uma noite de amor com o homem boto.Algumas ouviam maravilhadas pois já haviam vivido essa realidade; outras timidamente aguardavam,a sua vez pois sabiam que a noite delas também chegaria; e assim seguia a vida naquele seringal às margens do Juruá.
Um dia o boto se foi, virou homem da cidade grande, deixando infelizes e solitárias comadres e afilhadas,amigas e primas, todas guardando na lembrança a noite de amor e êxtase vivida com aquele homem único ou seria o boto?
( Ma. INÊS CORRÊA PEREIRA)




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