O barco a vapor, com uma imensa roda que girava sem nenhuma pressa, lentamente se afasta do seringal.
Entre seus passageiros a pequena órfã que até então não havia saído daquele lugar.Sua maior viagem era atravessar o Juruá de canoa para visitar a avó materna na outra margem do rio.
Na bagagem, roupas novas, produzidas pela tia, uma seiva de alfazema, creme dental, escova de dentes, e a rede onde iria passar longas horas até chegar a capital. Tudo era "grandioso"aos olhos da pequena: o rio, o navio, ( chamado pelos ribeirinhos de "chata"), a forma cerimoniosa como as pessoas se preparavam para as refeições; para ela também uma grande novidade; carne, feijão, arroz,que no seringal só era visto na passagem do padre.
Ali começaria uma nova vida, para a pequena cabocla, órfã de pai e mãe, a mais nova de 13 filhos; e cujo o destino final era o RIO DE JANEIRO,onde iria viver com parentes que jamais conhecera, com os quais não tinha nenhum vínculo afetivo.
Estava entre nove e dez anos, miúda, rosto tipicamente amazônico emoldurado por cabelos negros e extremamente lisos, o que na época em nada favorecia lhe favorecia a beleza, era a indiasinha da família, tanto que a apelidaram tapuia, A bordo, olhava de soslaio as mães vaidosas a pentear os cachos de suas meninas, entristecia-se, não pela falta de cachos, mas pela falta de mãe para pentear-lhe os cabelos.
Finalmente, Manaus, a capital, a sua espera a madrinha de batismo, responsável por seu embarque para o RIO de JANEIRO. Tudo era fantástico, ruas asfaltadas,carros, bicicletas, luz elétrica, lojas...mil perguntas a fazer,mas não havia espaço, os adultos tinham pressa de enviá-la ao seu destino final: o RIO DE JANEIRO. A pequena cala perguntas jamais feitas e começa o armazenamento de sentimentos, sensações palavras!
Finalmente o dia da viagem ao RIO,entregue ao comandante do avião. nossa "heroína" é acomodada em uma poltrona que quase engole o pequeno corpo. Entre assustada e deslumbrada, a menina não pensa o que lhe aguarda absorta que estava com o funcionamento daquele aparelho fantástico que jamais sonhara conhecer.Volta e meia uma moça gentil, vinha saber se estava tudo bem, sentiu-se importante, só muito mais tarde v iria saber que a gentileza faz parte do trabalho de uma comissária de bordo. O comandante anuncia os procedimentos de descida, a comissária vem ajudá-la com o cinto de segurança, a visão é magnífica, pão de açúcar, CRISTO REDENTOR, a menina pensa que rio largo; e então se atreve a fazer perguntas ao adulto do seu lado, e pergunta sobre o Cristo, morros mar, tudo que seu capo visual alcança, e o adulto então encantado com aquela curiosidade infantil tenta explicar a magnitude da cidade maravilhosa.
É a última a descer uma vez que estava sob a responsabilidade do comandante, Atendidos todos os tramites formais da viagem, o comandante juntamente com sua "encomenda" pegam um táxi rumo ao endereço que lhe tinham dado e onde a pequena deveria ser entregue....( a história prossegue )




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